quarta-feira, outubro 01, 2008

Na esquina de um enorme precipício

Aqui vos deixo um texto do meu amigo Carlos Alberto ( Carló):

---" Portugal vem sendo empurrado há 30 anos, por uma oligarquia cega e surda, em direcção a uma perigosa esquina social, por detrás da qual um precipício de elevadas consequência esconde o que está para vir, se bem que de imaginado desastre económico, cujos efeitos sociais bem visíveis se agarram à pele dos portugueses!
À mercê do grande capital presente em todos os cantos do país, os portugueses voltaram à tradição de povo nómada à procura de melhor destino. Os mais novos no ilícito encontram a sobrevivência e aos gangs vão parar, empurrados por devastador atentado ao progresso social.
Em Portugal, governantes de calças ou de saias, contribuintes activos na decadência económica, insistem nas políticas de confirmada falha social. Da educação à aposentação, comprometem o futuro dos jovens, muitos dos quais caiem no crime organizado. O desemprego facilita o recrutamento delituoso.
A explosão criminosa resulta com toda a clareza da crise do emprego. Jovens com cursos ou sem eles confrontam-se com o desemprego de longa duração e, se encontram algum posto de trabalho quase sempre é de curta duração e por certo mal pago.
A estabilidade necessária à constituição de família não existe, permanecendo a insegurança para a fase derradeira, para muitos aguarda-os depósitos de velhos.
A mobilidade capitalista arrebanha as riquezas onde elas se encontram. O capital entra pela porta grande, aberta por ministros vassalos, descapitaliza o país onde se instala deixando-o mais decrépito do que antes de lá ter entrado e, sai quando lhe apetece ou escasseiam capitais e para outro recanto do mundo abalam com o mesmo propósito, sacar. Portugal tem sido vítima deste sistema de portas abertas à fúria delapidadora da sua riqueza.
A obsessão da redução dos custos que invade as mentes de “poupados” governantes, empresários e financeiros estafados em acumular capital está a virar do avesso o peso da despesa no global da nação. Por isso Portugal está mais pobre.
O investimento do Estado na Saúde e na Educação e os seus resultados não podem ser avaliados em termos de juros de capital, mas sim como meta de resultados sociais. É um erro comparar-se os efeitos na diferença do que gasta em capital dinheiro e do que recebe em capital de saúde e educação, produzindo mais e melhores produtores de riqueza, promovendo a qualidade do trabalho, revigorando a Nação e por isso Portugal está mais pobre
A recessão arrasta os pequenos países na lógica vampírica, sinal mais que evidente que as políticas económicas e sociais estão invertidas, produzindo os ingredientes que temperam as crises e afectam negativamente os que trabalham ou procuram emprego, meio de sobrevivência de milhares de famílias, enchendo com elevados lucros os que inventam as crises e delas acumulam riquezas obscenas.
O grande capital concebe a escassez e gere os resultados que os favorece, suga os efeitos nefastos para as populações que pouco entendem das tácticas do capitalismo selvagem e na sua prolongada bonomia de ombros encolhidos, permitindo que trauliteiros da economia e populistas do Estado comandem os destinos dos povos.
Quem pretende acabar com o crime violento que grupos de jovens armados semeiam no país? De certo que todos sabemos quem não está virado para aí! Este fenómeno é filho da escassez de emprego. Tratem os responsáveis de os ocupar com a escolaridade, a formação profissional e o emprego na devida altura, salário compatível com o custo de vida e veremos se o crime não se reduz ao insignificante desacato!
Somos órfãos da nossa história, diferimos imenso do que fomos e do que somos agora. Antes decidíamos o que ser e fazer, hoje somos o que nos mandam as ordens lá de fora! ---"

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