domingo, dezembro 27, 2009

AMINETU HAIDAR, JÁ ESTÁ EM CASA!

Aminetu Haidar já está em casa, o conflito gerado com a sua deportação foi solucionado com a restituição da normalidade que se interrompeu há um mês no aeroporto de El Aaiún, isto é, com a devolução do passaporte a Aminetu, a sua saída da zona internacional do aeroporto e o reencontro com a família que, como sucede quando uma pessoa regressa de uma longa viagem, havia acudido a recebê-la. Foi o que passou ontem à noite, é o que devia ter ocorrido há um mês se a lógica humana tivesse sido a norma.
Aminetu Haidar, num carro da família, com o seu médico de Lanzarote, não em ambulância, que os gestos também são importantes, regressou à intimidade familiar. Para trás fica uma greve de fome de mais de um mês, uma mobilização internacional sem precedentes em redor da sua causa, a reactivação de um conflito latente que agora está sobre a mesa e na agenda de vários governos e organismos internacionais como as Nações Unidas.
Aminetu Haidar saiu de Lanzarote acompanhada do carinho e da admiração de pessoas de todo o mundo. Ela, como Rosa Park, como as grandes lutadoras pea implantação dos direitos humanos, seguirá militando na causa do seu povo e de outros povos que podem viver situações semelhantes porque o seu empenho é o de que todas as pessoas, individual e colectivamente, sejam sujeitos de pleno direito e gozem do reconhecimento necessário para viver de acordo com o estádio democrático que alcançámos. Ela, sabemos os que a conheceram, não se vai render, esta experiência tão dura não fará esquecer-se dos seus sonhos. Não está tão claro o que fará a sociedade civil que se mobilizou estes dias, em alguns casos de forma admirável, que farão os organismos internacionais em cujas mãos está fazer com que se cumpram as resoluções políticas acerca do Sahara Ocidental, que farão os governos. Talvez actuem de acordo com o que os cidadãos expressem cada dia, talvez as prioridades se estabeleçam a partir do que a sociedade expresse, ainda que sejam os governos os que acedem aos boletins oficiais dos estados. Talvez os cidadãos se esqueçam demasiadas vezes que é em nós que reside a soberania. Em definitivo, Aminetu Haidar está em casa, com os seus filhos, com a sua mãe. Dentro de uns dias contrairá matrimónio, um segundo matrimónio que já devia ter sido celebrado. Oxalá esta normalidade não se veja interrompida por nenhuma actuação que conculque direitos fundamentais. E oxalá que enquanto ela recupera a sua saúde e alegria haja muitas pessoas no mundo reclamando para os saharauis o que eles pedem e as Nações Unidas estabelecem: o direito a eleger o seu futuro. Em harmonia com todos os seus vizinhos, em boa paz que para todos, absolutamente para todos, é imprescindível para viver a vida.
in http://www.josesaramago.org, por Pilar del Río

quarta-feira, dezembro 23, 2009

E NINGUÉM É PRESO, PORRA ?

COM VOTOS DE UM NATAL MUITO FELIZ, MESMO JÁ COM A CERTEZA DE QUE NÃO VÃO HAVER AUMENTOS PARA O ANO DE 2010.
ADORO PORTUGAL!!!! NÃO TÊM MESMO VERGONHA NENHUMA!!!!! E NINGUÉM OS MANDA PRENDER?!!!! . .. E NINGUÉM PÁRA ESTA M.... ???
Lembram-se dos Presidentes de Câmara a dizer que o Governo lhes cortava as pernas, que não lhes dava dinheiro... Pois é... não há têta que resista a tanto "mamar"...e é "tudo" a mamar, porra !!! O Tribunal de Contas ou outro orgão similar não supervisiona estas contas? Ou não haverá nenhum serviço que o faça? Porque isto passa-se a nível da Administração Local. Dinheiro Público a SEM vergonha pública
Administração Regional de Saúde do Alentejo, I. P. - Aquisição de:1 armário persiana; 2 mesas de computador; 3 cadeiras c/rodízios, braços e costas altas : 97.560,00€ Eu não sei a quanto está o metro cúbico de material de escritório mas ou estes armários/mesas/cadeiras são de ouro sólido ou então não estou a ver onde é que 6 peças de mobiliário de escritório custam quase 100 000€. Alguém me elucida sobre esta questão?
Matosinhos Habit - MH - Reparação de porta de entrada do edifício : 142.320,00 € Alguém sabe de que é feita esta porta que custa mais do que a minha casa?
Universidade do Algarve - Escola Superior de Tecnologia - Projecto Tempus - Viagem aérea Faro/Zagreb e regresso a Faro, para 1 pessoas no período de 3 a 6 de Dezembro de 2008 : 33.745,00 € Segundo o site da TAP a viagem mais cara que se encontra entre Faro-Zagreb-Faro em executiva é de cerca de 1700€. Dá uma pequena diferença de 32 000 €. Como é que é possível???
Município de Lagoa - 6 Kit de mala Piaggio Fly para as motorizadas do sector de àguas : 106.596,00 € Pelo vistos fazer um "Pimp My Ride" nas motorizadas do Município de Lagoa fica carote!!
Município de Ílhavo - Fornecimento de 3 Computadores, 1 impressora de talões, 9 fones, 2 leitores opticos : 380.666,00 € Estes computadores devem ser mesmo especiais para terem custado cerca de 100 000€ cada...Já para não falar nos restantes acessórios.
Município de Lagoa - Aquisição de fardamento para a fiscalização municipal : 391.970,00€ Eu não sei o que a Polícia Municipal de Lagoa veste, mas pelos vistos deve ser Haute-Couture .
Câmara Municipal de Loures - VINHO TINTO E BRANCO : 652.300,00 € Alguém me explica porque é que a Câmara Municipal de Loures precisa de mais de meio milhão de Euros em Vinho Tinto e Branco????
Municipio de Vale de Cambra - AQUISIÇÃO DE VIATURA LIGEIRO DE MERCADORIAS : 1.236..000,00 € Neste contrato ficamos a saber que uma viatura ligeira de mercadorias da Renault custa cerca de 1 milhão de Euros. Impressionante.
Câmara Municipal de Sines - Aluguer de tenda para inauguração do Museu do Castelo de Sines : 1.236.500,00 € É interessante perceber que uma tenda custa mais ou menos o mesmo que um ligeiro de mercadorias da Renault. E eu que estava a ser tão injusto com o município de Vale de Cambra.
Municipio de Vale de Cambra - AQUISIÇÃO DE VIATURA DE 16 LUGARES PARA TRANSPORTE DE CRIANÇAS : 2.922.000,00 € E mais uma pérola do Município de Vale de Cambra: uma viatura de 16 lugares para transportar crianças custa cerca de 3 milhões de Euros. I-M-P-R-E-S-S-I-O-N-A-N-T-E!!!! Só para terem um termo de comparação vejam este contrato público realizado pelo Município de Ribeira de Pena que ficou um pouquinho mais em conta e aparentemente para uma viatura melhor.
Município de Beja - Fornecimento de 1 fotocopiadora, "Multifuncional do tipo IRC3080I", para a Divisão de Obras Municipais : 6.572.983,00 € Este contrato público é um dos mais vergonhosos que se encontra neste site. Uma fotocopiadora que custa normalmente 7,698.42€ foi comprada por mais de 6,5 milhões de Euros. E ninguém vai preso por merdas como esta?
Agência para a ModernizaçãoAdministrativa, IP - Renovação do Licenciamento de software Microsoft : 14.360.063,00 € E para finalizar, a pérola do software proprietário. Não admira que a Microsoft goste tanto de Portugal.. Mais de 14 milhões de Euros em licenças...

domingo, dezembro 20, 2009

O QUE FAZER EM CASO DE SISMO


1.- Elabore um plano de emergência para que todos saibam como agir em caso de sismo. As crianças devem saber desligar a água, a electricidade e o gás, para evitar curto-circuitos, incêndios ou inundações. Tenha junto do telefone uma lista com os números da Polícia, Bombeiros, Serviços Médicos e da Protecção Civil. Mas lembre-se que, em caso de emergências deste tipo, deverá utilizar o telefone unicamente em caso de extrema necessidade.
2.- A sua casa deve estar preparada para uma emergência. Fixe bem às paredes, chão ou tecto os móveis, armários, estantes, candeeiros, etc., que podem soltar-se e caírem. Coloque os objectos pesados, ou de grande volume, no chão ou em estantes mais baixas. Assegure-se que objectos, como espelhos ou quadros pesados, não fiquem por cima de lugares como a cama ou sofá. Não coloque as camas perto das janelas.
3.- As crianças devem ser ensinadas a fazer frente às emergências. Para não lhes provocar medo, explique-lhes de uma forma tranquila e simples as recomendações mais básicas. Elas devem abrigar-se debaixo de uma mesa ou de uma cama e devem proteger a cabeça e os olhos. Uma boa forma de ensinar estas instruções aos seus filhos é fazê-lo como se fosse um jogo.
4.- Em caso de sismo não entre em pânico e ajude a aclamar as pessoas que estão junto a si. Evite ficar no meio da sala e afaste-se de chaminés, janelas, espelhos, vitrinas ou objectos que possam cair. Procure refúgio num canto da sala, debaixo do vão de uma porta interior, do pilar de uma trave mestra, ou de móveis sólidos, como mesas, camas ou secretárias. Ligue o rádio e fique atento às instruções.
5.- Numa situação de catástrofe é frequente existirem fugas de gás. Nos primeiros sismos a seguir ao sismo não acenda fósforos ou isqueiros, nem ligue o interruptor porque pode provocar uma explosão. Corte imediatamente o gás, a água e a electricidade. Veja se a casa sofreu graves danos. Se ela não estiver segura saia para a rua mas não utilize o elevador. Tenha cuidados com os vidros partidos e com os cabos de electricidade soltos.
6.- Se estiver na rua no momento do sismo, afaste-se de árvores, postes eléctricos, muros e edifícios, por causa da possível queda de escombros. Não vá para casa. Procure lugares abertos, como praças, descampados ou avenidas amplas. Mantenha-se num local seguro e não circule pelas ruas, deixando-as livres para as viaturas de socorro. Regresse a casa apenas quando as autoridades o aconselharem.
7.- Se estiver a conduzir no momento do sismo pare a viatura assim que for possível e permaneça dentro do veículo. Afaste-se de pontes, postes eléctricos ou edifícios. Tenha cuidado com os cabos de alta tensão caídos e com os objectos que estejam em contacto com eles. Ligue o rádio e fique atento às instruções difundidas.
8.- Em caso de catástrofe, colabore com as autoridades. Lembre-se que a utilização simultânea e de forma massiva do telefone bloqueia as linhas, impedindo o bom funcionamento das comunicações, que são imprescindíveis para as operações de socorro. Use o seu telefone unicamente em situações de emergência.
9.- Em caso de catástrofe não vá para a beira-mar porque é possível que ocorra um tsunami na meia hora seguinte ao sismo. Em caso de alerta, vá rapidamente para uma zona alta e afastada da costa. Se estiver numa embarcação dirija-se para o alto-mar. Um tsunami ó é destrutivo à zona costeira.
10.- A seguir ao sismo avalie o estado em que ficou o edifício onde se encontra porque podem ocorrer réplicas que derrubem as áreas danificadas. Utilize os telefones apenas em caso de urgência, quando existirem feridos graves, fugas de gás ou incêndios. Se existir a possibilidade de a água estar contaminada, consuma apenas água engarrafada. Ligue o rádio e fique atento às instruções.
11.- Se estiver a conduzir no momento do sismo, pare o veículo numa zona segura e permaneça dentro dele. Se estiver na rua mantenha-se afastado de prédios, muros e postes de electricidade. Se estiver num edifício não se precipite para a saída. Fique no seu interior até o sismo parar e depois saia com calma. Se estiver no trabalho mantenha-se afastado das máquinas.
12.- Depois de um sismo deve abrir os armários com precaução já que alguns objectos podem ter ficado numa posição instável. Se detectar o derrame de substâncias tóxicas ou inflamáveis, deve limpar a zona o mais rapidamente possível. Se existirem destroços deve calçar botas ou sapatos resistentes para se proteger dos objectos cortantes ou pontiagudos.
13.- Numa situação de emergência não use o elevador. O sismo pode provocar a sua queda ou cortar a electricidade, deixando-o preso no interior. Se tiver de utilizar as escadas verifique se elas resistem ao peso. Se existirem destroços, calce botas ou sapatos resistentes para se proteger. Evite circular pelas zonas sinistradas, porque para além de perigoso dificulta os trabalhos de reabilitação.
14.- Se estiver no interior de um edifício no momento do sismo, ajoelhe-se e proteja a cabeça e os olhos. Não vá para as escadas porque elas podem encher-se rapidamente de escombros. Não corra para a saída, porque isso provoca uma situação de pânico que pode causar vítimas. Se ficar preso tente comunicar com o exterior batendo com algum objecto
15.- Para prevenir uma situação de risco tenha em casa um estojo de emergência com um rádio a pilhas, lanternas, pilhas de reserva, um estojo de primeiros socorros, medicamentos e alguns agasalhos. O estojo deve ficar guardado num lugar fixo que seja conhecido por todos, incluindo as crianças. Tenha um extintor em casa. Aprenda a usá-lo e faça as revisões periódicas.
16.- Nos primeiros minutos após o sismo mantenha a calma mas conte com possíveis réplicas. Se encontrar alguém ferido procure prestar-lhe o auxílio que for necessário. Mas só deve mover os feridos graves se souber como actuar correctamente ou se existir risco iminente de inundação, incêndio ou desabamento do local onde se encontram.
17. - Esteja preparado para uma situação de emergência. Armazene, num lugar seguro e de fácil acesso, uma reserva de água e de alimentos duradouros que dê para 2 ou 3 dias. Reveja periodicamente as provisões e as instalações de água, luz e gás. Tenha algo à mão tão simples como um apito. Pode ser útil como um sistema de alerta para pedir ajuda no caso de ficar preso.
18.- Se trabalhar num localonde existem matérias tóxicas ou inflamáveis deve apostar na prevenção. Guarde bem os materiais perigosos, como substâncias químicas, fertilizantes ou combustíveis, e evite que se derramem. Durante o sismo afaste-se das máquinas. No seu local de trabalho devem ser realizadas simulações com o objectivo de praticar as acções a levar a cabo em caso de sismo.

sexta-feira, dezembro 18, 2009

Ontem a imprensa estava dizendo que Copenhague já começou errado.

Incrível.
Mas 24 horas depois, com milhões de assinaturas na petição, centenas de milhares de telefonemas e apelos massivos de todo o planeta, temos a chance de conseguir um acordo!
Governantes estão freneticamente fazendo em horas o que eles falharam em fazer por anos. Mas não vamos nos iludir, ainda estamos longe de um acordo que poderá impedir o aquecimento catastrófico de 2 graus e ainda há um grande risco das negociações falharem. Nós sabemos que a pressão está funcionando então vamos usar estas últimas horas para dar um empurrão final para conseguirmos um acordo pra valer, não um acordo maquiado e fraco. Assine a incrível petição de 13 milhões de nomes no link abaixo se você ainda não o fez, e encaminhe este site que a seguir indicamos, para todos que você conhece: http://www.avaaz.org/po/save_copenhagen
A petição se tornou o centro de uma revolta global contra o fracasso de Copenhague. Os nomes da petição estão sento lidos por jovens que tomaram os espaços da conferência e em prédios de governos ao redor do mundo, incluindo o Departamento de Estado dos EUA e o escritório do Primeiro Ministro do Canadá.
O mais impressionante é que os próprios governantes estão apelando para as pessoas agirem. O Primeiro Ministro do Reino Unido Gordon Brown fez um apelo para 3000 membros da Avaaz em uma conferência por telefone na quarta-feira, pedindo uma campanha histórica pela Internet de 48 horas de cidadãos ao redor do mundo. Ele disse que o nosso impact é fundamental. O Prêmio Nobel da Paz Desmond Tutu fez um apelo em uma das 3000 vigílias organizadas pelo nosso movimento proclamando “Marchamos na África do Sul e o apartheid caiu, marchamos em Berlim e o muro caiu, marchamos em Copenhague e VAMOS conseguir um acordo pra valer”.
A história está sendo escrita em Copenhague, mas não pelos governantes e sim por nós, milhões de pessoas ao redor do mundo que estão engagados diretamente, minuto a minuto, como nunca antes, na luta para salvar o planeta. A pressão está funcionando, vamos dar tudo de nós.

Incrível! - faltam 48 horas e a nossa petição global está pegando fogo. Nós estamos influenciando a Conferência de Copenhague diretamente! Veja a atualização do que aconteceu ontem.
Caros amigos,
Copenhague é a única chance de impedir mudanças climáticas catastróficas, e as negociações estão falhando. Somente a pressão pública massiva poderá salvar Copenhague. Assine você também está petição global histórica - clique abaixo:
Faltam 2 dias para acabar, e a Conferência histórica de Copenhague está falhando.
Chefes de Estado já estão nas horas finais de negociação. O Primeiro Ministro do Reino Unido apelou diretamente para a Avaaz gerar uma onda de pressão pública por um acordo que impeça o aquecimento catastrófico de 2 graus.
Vai ao site abaixo indicado, para assinar a petição por um acordo pra valer se você já assinou encaminhe este alerta. A campanha já conseguiu o número surpreendende de 11 milhões de apoiadores -- e temos só 48 horas para fazer a maior petição da história! O nome de cada pessoa que assinou está sendo lido dentro do centro de conferência -- assine abaixo e encaminhe este alerta para todo mundo!
http://www.avaaz.org/po/save_copenhagen
Estamos fazendo história em Copenhague. Um grupo de jovens sentou no meio do encontro e começou a ler o nome de todos que assinaram a petição por um acordo pra valer. Inspirados por esta ação, um outro grupo está fazendo a mesma coisa no escritório do Primeiro Ministro do Canadá, e um outro no Departamento de Estado dos EUA! Estão circulando rumores que outras ações do tipo estarão acontecendo hoje e amanhã. Em uma conferência por telefone de emergência com 3000 membros da Avaaz ontem, o Primeiro Ministro do Reino Unido Gordon Brown disse:
"O que vocês estão fazendo ao redor do mundo pela Internet é absolutamente fundamental para definir a agenda (das negociações). Nas próximas 48 horas, não subestime o efeito das suas ações nos líderes aqui em Copenhague."
Antes disso, milhões assistiram pela televisão a vigília da Avaaz dentro da conferência onde o Arcebispo Desmond Tutu disse para centenas de delegados e crianças reunidas:
"Marchamos em Berlim e o muro caiu”; "Marchamos pela África do Sul e o apartheid caiu”;"Marchamos em Copenhague - e vamos conseguir um Acordo pra Valer."
Copenhague busca o maior mandato da história para deter a maior ameaça que a humanidade já enfrentou. A história será escrita nas próximas 48 horas. Como nossos filhos vão se lembrar deste momento? Vamos lhes dizer que fizemos tudo o que podíamos.

quarta-feira, dezembro 16, 2009

VOTOS DE BOAS FESTAS E BOM ANO DE 2010

Caros amigo à guiza de cumprimentos especiais de Boas Festas e com os desejos de um melhor ano de 2010, permitam-me que vos tente fazer sorrir com uma boa anedota. Então aquí vai:
Um velho campino, típico e tradicional do nosso Portugal, contemplava, como era seu costume, os touros a pastar nas lezírias à luz de mais um tranquilo pôr-do-sol. Pelo pitoresco do quadro e pelas vestes, que sempre envergava com assumido orgulho, era alvo da curiosidade de todos os turistas e transeuntes de outras paragens.
Naquele dia, uma jovem aproximou-se dele e fez-lhe a pergunta do costume:
- O senhor é campino?
- Sou, sim, Menina.
- Um campino verdadeiro?
- Claro!!!
- Há muitos anos?
- Sim! Todos os dias conduzo os meus animais, e aos Domingos levo-os a lides triunfantes nas mais conceituadas arenas de Portugal!
Naquele dia, por ter acordado um pouco mais falador, colocou ele uma questão:
- E a menina?
- Eu sou lésbica. Acordo a pensar em mulheres, tomo banho, como, trabalho, adormeço e sonho a pensar em mulheres e de manhã acordo a pensar em mulheres!
No dia seguinte, foi a vez de uma outra excursão perturbar a calma local.
O grupo, curioso, aproximou-se do velho campino e perguntou-lhe:
- O senhor é campino...
Após uma pequena pausa, o velho campino respondeu, um tanto atrapalhado:
- Toda a minha vida pensei que sim. Mas afinal, ontem descobri que sou lésbica...

terça-feira, dezembro 15, 2009

O falso paraiso chamado Dubai

Este e-mail circulou em abril e em novembro de 2009, sob a referência: Dubai denuncia que está ruindo mesmo.
---“ Para quem tomou conhecimento nos noticiários, as finanças em Dubai não vão nada bem, o calote está aí, e tudo vai ruir, justamente como foi escrito no e-mail abaixo, que recebi já faz alguns meses, e ao que consta nele, foi escrito em abril/2009, levou apenas 7 meses para a notícia vir a tona e Dubai ir para o brejo.
Mais um engano neste mundão falso, corrupto, ganancioso, violento, etc... a) Auris ---“
---“ As coisas "boas e valiosas" pregadas pela modernidade e tão desejadas pela grande maioria das pessoas, são, na realidade, como castelos de areia edificados sobre as dunas: não resistem sequer às brisas que inexoravelmente sopram... DUBAILAND?
O xeque Mohammed bin Rashid Al Maktoum, o soberano de Dubai, vendeu-a ao mundo como a cidade das Mil e Uma Luzes, uma Sangri-lá do Oriente Médio protegida das tempestades de areia que assolam a região. É abril de 2009 e alguma coisa está mudando no sorriso do xeque Mohammed. Nessa terra do Nunca edificada num extremo do mundo, as rachas começam a aparecer. Dubai é uma metafora viva do mundo globalizado neoliberal que pode estar desmoronando. Entre os guindastes espalhados por toda parte, muitos estão paralisados, como que perdidos no tempo, e há inúmeros canteiros de obras inacabados, num abandono completo.
A canadense Karen Andrews chegou a Dubai quatro anos atrás. O marido tinha conseguido um bom emprego numa multinacional. Assim que o casal aterrissou no emirado, em 2005, as apreensões desapareceram. "Parecia uma Disneylândia para adultos, com o xeque Mohammed no papel de Mickey", relembra. "A vida era fantástica". Não tardou muito e Daniel, o marido de Karen, comprou dois imóveis. Mas, pela primeira vez na vida, ele se embaralhou nas finanças. Karen começou a estranhar as confusões financeiras do marido. Passado um ano, descobriu que Daniel tinha um tumor maligno no cérebro. "Até então, eu não sabia nada a respeito das leis de Dubai, imaginei que o sistema local deveria ser parecido com o do Canadá, ou de quaquer outra democracia liberal". Ninguém lhe havia contado que em Dubai não existe o conceito falência. Quem se endividar e não tiver como pagar vai para a cadeia.
Em Dubai, quando um funcionário larga o emprego, o empregador tem o dever de comunicar o fato ao seu banco. Caso tenha dívida em aberto, todas suas contas são bloqueadas e ele fica proibido de sair do país. "De repente, nossos cartões de crédito pararam de funcionar. Fomos despejados do nosso apartamento e não tínhamos mais nada". Daniel foi preso no dia do despejo, condenado a seis meses de prisão diante de uma corte que só falava árabe, sem tradução. "Agora estou aqui, sem nada, aguardando que ele saia da prisão", explica a mulher. Karen dorme dentro de um Range Rover há meses, no estacionamento de um dos hóteis mais chiques de Dubai, graças à caridade dos funcionários bengaleses, que não tiveram coragem de expulsá-la. O caso de Karen não é único. Por toda a cidade existem imigrados dormindo clandestinamente nas dunas de areia, no aeroporto ou no próprio carro. "É preciso entender que em Dubai nada é o que aparenta ser", resume a canadense. "Você é atraído pela idéia de um lugar moderno, mas por trás dessa fachada o que temos é uma ditadura medieval."
Trinta anos atrás, quase toda a área onde se ergue hoje o emirado de Dubai era deserta. Foi quando os ingleses bateram em retirada; a dominavam desde o século XVIII. Até que em 1971, Dubai se juntou a seis pequenos estados vizinhos e formaram a federação dos Emirados Árabes Unidos. A retirada britânica coincidiu com a descoberta de generosos lençóis de petróleo na região. Al Maktoum decidiu fazer o deserto enriquecer. Planejou construir uma cidade que se tornasse o centro do turismo e de serviços financeiros, atraindo dinheiro e profissionais do mundo inteiro. Convidou o mundo a seu paraíso fiscal - e o mundo veio, esmagando os habitantes locais, que agora representam só 5% da população total de Dubai. Em apenas tres décadas uma cidade inteira surgiu do nada. Um salto do século XVIII para o século XXI em apenas uma geração.
Toda as noite os milhares de peões estrangeiros que constroem Dubai são levados dos canteiros de obras para uma imensidão de concreto, em pleno deserto, distante uma hora da cidade. Ali permanecem isolados. São levados em ônibus fechados, que funcionam como estufas no calor do deserto. São cerca de 300 mil homens que moram amontoados. Nesse local que fede a esgoto e suor e que foi o primeiro acampamento que visitei, logo fui cercado por moradores, ávidos para desabafar com quem se dispusesse a ouvi-los. Depois de muito ouvir, indago se o grupo se arrepende de ter vindo. Todos olham para baixo. Depois de um tempo, alguém rompe o silêncio: "Sinto saudade de meu país, da minha família, da minha terra. Aqui, não dá para plantar nada. Só tem petróleo e obras." Um cidadão inglês que trabalhou no setor de construção disse-me: "Ocorrem inúmeros suicídios nos acampamentos e nas obras, mas ninguém quer tocar no assunto. Dizem que foi acidente."
Um estudo da ONG Human Rights Watch revelou que existe um ocultamento da real extensão das mortes causadas pela exposição ao calor, excesso de trabalho e os suicídios. Na distância, a cintilante silhueta de Dubai se ergue indiferente. O dia tem sempre a mesma luminosidade artificial, o mesmo piso brilhante, as mesmas grifes de luxo globais. Neles, Dubai se reduz à sua essência: compras e mais compras. Como se sente o cidadão local diante da ocupação de seu país por estrangeiros? Quando abordados, as mulheres se calam e os homens se ofendem, respondendo secamente que está tudo bem.
Concluo que não é prudente sair perguntando essas coisas para dubaienses. Dubai não é apenas uma cidade vivendo além de seus recursos financeiros. O emirado vive além de seus recursos ecológicos. Dubai bebe o mar. A água dos emirados, dessalinizada em fábricas espalhadas por todo o Golfo, é a mais cara do planeta. Segundo Dr. Raouf, caso a recessão se transforme em depressão, Dubai pode ficar desabastecida. O aquecimento global piora ainda mais a situação. "Estamos construindo todas essas ilhas artificais, mas se o nível do mar subir afunda tudo..."
Na minha última noite no emirado, já a caminho do aeroporto, parei numa pizzaria perdida em meio às autoestradas. Pergunto à moça filipina do balcão se ela gosta do lugar. "Gosto", diz ela, inicialmente. "Pois eu detesto", rebato. Ela concorda e desabafa: "Demorei alguns meses para perceber que tudo aqui é falso. Tudo. As palmeiras são falsas, os contratos de trabalho são falsos, as ilhas são falsas, os sorrisos são falsos.. Dubai é como uma miragem. Você acha que avistou água, mas quando chega perto vê que é só areia." O estacionamento do aeroporto está repleto de carros de luxo, não quitados, abandonados por pessoas que voltaram aos seus países de origem. (Segundo a reportagem alguns nomes nesse artigo foram modificados) O artigo é bem mais extenso, mas cuidei em resumir a reportagem de Johann Hari, sem furtar ao leitor entender o que é, de fato, esse paraíso, chamado Dubai. Lucelena Maia/ Revista Piauí Junho/2009. ---“

sábado, dezembro 12, 2009

CARTA AO PRIMEIRO-MINISTRO

In http://molhobico.blogs.sapo.pt
VALE A PENA GASTAR ALGUNS MINUTOS!•

É um texto fantástico e que reflecte muito bem a triste realidade a que chegou o sistema educativo português e a fantasia de números que o Engenheiro Sócrates e a equipa que está no Ministério da Educação têm feito.
Viva o sucesso sem qualidade...só quantidade! É um texto longo, mas que devemos ler atentamente. É fabuloso e encerra todas as nossas preocupações e dúvidas. Pode ser que chegue ao seu principal destinatário... O texto é longo, mas vale (mesmo) a pena.

---“
Sr. Engº José Sócrates,

Antes de mais, peço desculpa por não o tratar por Excelência nem por Primeiro-Ministro, mas, para ser franca, tenho muitas dúvidas quanto ao facto de o senhor ser excelente e, de resto, o cargo de primeiro-ministro parece-me, neste momento, muito pouco dignificado.
Também queria avisá-lo de antemão que esta carta vai ser longa, mas penso que não haverá problema para si, já que você é do tempo em que o ensino do Português exigia grandes e profundas leituras.
Ainda pensei em escrever tudo por tópicos e com abreviaturas, mas julgo que lhe faz bem recordar o prazer de ler um texto bem escrito, com princípio, meio e fim, e que, quiçá, o faça reflectir (passe a falta de modéstia).
Gostaria de começar por lhe falar do 'Magalhães'. Não sobre os erros ortográficos, porque a respeito disso já o seu assessor deve ter recebido um e-mail meu. Queria falar-lhe da gratuitidade, da inconsequência, da precipitação e da leviandade com que o senhor engenheiro anunciou e pôs em prática o projecto a que chama de e-escolinha. O senhor fala em Plano Tecnológico e, de facto, eu tenho visto a tecnologia, mas ainda não vi plano nenhum. Senão, vejamos a cronologia dos factos associados ao projecto 'Magalhães': No princípio do mês de Agosto, o senhor engenheiro apareceu na televisão a anunciar o projecto e-escolinhas e a sua ferramenta: o portátil Magalhães.
No dia 18 de Setembro (quinta-feira) ao fim do dia, o meu filho traz na mochila um papel dirigido aos encarregados de educação, com apenas quatro linhas de texto informando que o 'Magalhães' é um projecto do Governo e que, dependendo do escalão de IRS, o seu custo pode variar entre os zero e os 50 euros. Mais nada! Seguia-se um formulário com espaço para dados como nome do aluno, nome do encarregado de educação, escola, concelho, etc. e, por fim, a oportunidade de assinalar, com uma cruzinha, se pretendemos ou não adquirir o 'Magalhães'.
No dia 22 de Setembro (segunda-feira), ao fim do dia, o meu filho traz um novo papel, desta vez uma extensa carta a anunciar a visita, no dia seguinte, do primeiro-ministro para entregar os primeiros 'Magalhães' na EB1 Padre Manuel de Castro. Novamente uma explicação respeitante aos escalões do IRS e ao custo dos portáteis.
No dia 23 de Setembro (terça-feira), o meu filho não traz mais papéis, traz um 'Magalhães' debaixo do braço. Ora, como é fácil de ver, tudo aconteceu num espaço de três dias úteis em que as famílias não tiveram oportunidade de obter esclarecimentos sobre a futura utilização e utilidade do 'Magalhães'. Às perguntas que colocámos à professora sobre o assunto, ela não soube responder. Reunião de esclarecimento, nunca houve nenhuma.
Portanto, explique-me, senhor engenheiro: o que é que o seu Governo pensou para o 'Magalhães'? Que planos tem para o integrar nas aulas? Como vai articular o seu uso com as matérias leccionadas? Sabe, é que 50 euros talvez seja pouco para se gastar numa ferramenta de trabalho, mas, decididamente, e na minha opinião, é demasiado para se gastar num brinquedo.
Por favor, senhor engenheiro, não me obrigue a concluir que acabei de pagar por uma inutilidade, um capricho seu, uma manobra de campanha eleitoral, um espectáculo de fogo de artifício do qual só sobra fumo e o fedor intoxicante da pólvora. Seja honesto com os portugueses e admita que não tem plano nenhum. Admita que fez tudo tão à pressa que nem teve tempo de esclarecer as escolas e os professores.
E não venha agora dizer-me que cabe aos pais aproveitarem esta maravilhosa oportunidade que o Governo lhes deu e ensinarem os filhos a lidar com as novas tecnologias. O seu projecto chama-se e-escolinha, não se chama e-familiazinha! Faça-lhe jus! Ponha a sua equipa a trabalhar, mexa-se, credibilize as suas iniciativas! Uma coisa curiosa, senhor engenheiro, é que tudo parece conspirar a seu favor nesta sua lamentável obra de empobrecimento do ensino assente em medidas gratuitas.
Há dias arrisquei-me a ver um episódio completo da série Morangos com Açúcar. Por coincidência, apanhei precisamente o primeiro episódio da nova série que significa, na ficção, o primeiro dia de aulas daquela miudagem. Ora, nesse primeiro dia de aulas, os alunos conheceram a sua professora de matemática e o seu professor de português. As imagens sucediam-se alternando a aula de apresentação de matemática por contraposição à de português. Enquanto a professora de matemática escrevia do quadro os pressupostos da sua metodologia - disciplina, rigor e trabalho - o professor de português escrevia no quadro os pressupostos da sua - emoção, entrega e trabalho. Ora, o que me faz espécie, senhor engenheiro, é que a personagem da professora de matemática é maldosa, agressiva e antiquada, enquanto que o professor de português é um tipo moderno e bué de fixe. Então, de acordo com os princípios do raciocínio lógico, se a professora de matemática é maldosa e agressiva e os seus pressuposto s são disciplina e rigor, então a disciplina e o rigor são coisas negativas. Por outro lado, se o professor de português é bué de fixe, então os pressupostos da emoção e da entrega são perfeitos. E de facto era o que se via. Enquanto que na aula de matemática os alunos bufavam, entediados, na aula de português sorriam, entusiasmados. Disciplina e rigor aparecem, assim, como conceitos inconciliáveis com emoção e entrega, e isto é a maior barbaridade que eu já vi na minha vida. Digo-o eu, senhor engenheiro, que tenho uma profissão que vive das emoções, mas onde o rigor é 'obstinado', como dizem os poetas.
Eu já percebi que o ensino dos dias de hoje não sabe conciliar estes dois lados do trabalho. E, não o sabendo, optou por deixar de lado a disciplina e o rigor. Os professores são obrigados a acreditar que para se fazer um texto criativo não se pode estar preocupado com os erros ortográficos. E que para se saber fazer uma operação aritmética não se pode estar preocupado com a exactidão do seu resultado. Era o que faltava, senhor engenheiro!
Agora é o momento em que o senhor engenheiro diz de si para si: mas esta mulher é um Velho do Restelo, que não percebe que os tempos mudaram e que o ensino tem que se adaptar a essas mudanças? Percebo, senhor engenheiro. Então não percebo? Mas acontece que o que o senhor engenheiro está a fazer não é adaptar o ensino às mudanças, você está a esvaziá-lo de sentido e de propósitos. Adaptar o ensino seria afinar as metodologias por forma a torná-las mais cativantes aos olhos de uma geração inquieta e voltada para o imediato. Mas nunca diminuir, nunca desvalorizar, nunca reduzir ao básico, nunca baixar a bitola até ao nível da mediocridade.
Mas, por falar em Velho do Restelo... ... Li, há dias, numa entrevista com uma professora de Literatura Portuguesa, que o episódio do Velho do Restelo foi excluído do estudo d'Os Lusíadas. Curioso, porque este era o episódio que punha tudo em causa, que questionava, que analisava por outra perspectiva, que é algo que as crianças e adolescentes de hoje em dia estão pouco habituados a fazer. Sabem contrariar, é certo, mas não sabem questionar. São coisas bem diferentes: contrariar tem o seu quê de gratuito; questionar tem tudo de filosófico. Para contrariar, basta bater o pé. Para questionar, é preciso pensar. Tenho pena, porque no meu tempo (que não é um tempo assim tão distante), o episódio do Velho do Restelo, juntamente com os de Inês de Castro e da Ilha dos Amores, era o que mais apaixonava e empolgava a turma. Eram três episódios marcantes, que quebravam a monotonia do discurso de engrandecimento da nação e que, por isso, tinham o mérito de conseguir que os alunos tivessem curiosidade em descodificar as suas figuras de estilo e desbravar o hermetismo da linguagem. Ainda hoje me lembro exactamente da aula em que começámos a ler o episódio de Inês de castro e lembro-me das palavras da professora Lídia, espicaçando-nos, estimulando-nos, obrigando-nos a pensar. E foi há 20 anos. Bem sei que vivemos numa era em que a imagem se sobrepõe à palavra, mas veja só alguns versos do episódio de Inês de Castro, veja que perfeita e inequívoca imagem eles compõem: 'Estavas, linda Inês, posta em sossego, De teus anos colhendo doce fruito, Naquele engano d'alma ledo e cego, Que a fortuna não deixa durar muito (...)'
Feche os olhos, senhor engenheiro, vá lá, feche os olhos. Não consegue ver, perfeitamente desenhado e com uma nitidez absoluta, o rosto branco e delicado de Inês de Castro, os seus longos cabelos soltos pelas costas, o corpo adolescente, as mãos investidas num qualquer bordado, o pensamento distante, vagueando em delícias proibidas no leito do príncipe? Não vê os seus olhos que de vez em quando escapam às linhas do bordado e vão demorar-se na janela, inquietos de saudade, à espera de ver D. Pedro surgir a galope na linha do horizonte? E agora, se se concentrar bem, não vê uma nuvem negra a pairar sobre ela, não vê o prenúncio do sangue a escorrer-lhe pelos fios de cabelo? Não consegue ver tudo isto apenas nestes quatro versos?
Pois eu acho estes quatro versos belíssimos, de uma simplicidade arrebatadora, de uma clareza inesperada.
É poesia, senhor engenheiro, é poesia! Da mais nobre, grandiosa e magnífica que temos na nossa História.
Não ouse menosprezá-la. Não incite ninguém a desrespeitá-la. Bem, admito que me perdi em divagações em torno da Inês de Castro. O que eu queria mesmo era tentar perceber porque carga de água o Velho do Restelo desapareceu assim. Será precisamente por estimular a diferença de opiniões, por duvidar, por condenar?
Sabe, não tarda muito, o episódio da Ilha dos Amores será também excluído dos conteúdos programáticos por 'alegado teor pornográfico' e o de Inês de Castro igualmente, por 'incitamento ao adultério e ao desrespeito pela autoridade'.
Como é, senhor engenheiro? Voltamos ao tempo do 'lápis' azul?
E já agora, voltando à questão do rigor e da disciplina, da entrega e da emoção: o senhor engenheiro tem ideia de quanta entrega e de quanta emoção Luís de Camões depôs na sua obra?
E, por outro lado, o senhor engenheiro duvida da disciplina e do rigor necessários à sua concretização? São centenas e centenas de páginas, em dezenas de capítulos e incontáveis estrofes com a mesma métrica, o mesmo tipo de rima, cada palavra escolhida a dedo... o que implicou tudo isto senão uma carga infinita de disciplina e rigor? Senhor engenheiro José Sócrates: vejo que acabo de confiar o meu filho ao sistema de ensino onde o senhor montou a sua barraca de circo e não me apetece nada vê-lo transformar-se num palhaço. Bem, também não quero ser injusta consigo.
A verdade é que as coisas já começaram a descarrilar há alguns anos, mas também é verdade que você está a sobrealimentar o crime, com um tirinho aqui, uma facadinha ali, uma desonestidade acolá. Lembro-me bem da época em que fiz a minha recruta como jornalista e das muitas vezes em que fui cobrir cerimónias e eventos em que você participava. Na altura, o senhor engenheiro era Secretário de Estado do Ambiente e andava com a ministra Elisa Ferreira por esse Portugal fora, a inaugurar ETAR's e a selar aterros. Também o vi a plantar árvores, com as suas próprias mãos. E é por isso que me dói que agora, mais de dez anos depois, você esteja a dar cabo das nossas sementes e a tornar estéreis os solos que deveriam ser férteis. Sabe, é que eu tenho grandes sonhos para o meu filho. Não, não me refiro ao sonho de que ele seja doutor ou engenheiro. Falo do sonho de que ele respeite as ciências, tenha apreço pelas artes, almeje a sabedoria e valorize o trabalho. Porque é isso que eu espero da escola. O resto é comigo. Acho graça agora a ouvir os professores dizerem sistematicamente aos pais que a família deve dar continuidade, em casa, ao trabalho que a escola faz com as crianças. Bem, se assim fosse eu teria que ensinar o meu filho a atirar com cadeiras à cabeça dos outros e a escrever as redacções em linguagem de sms. Não. Para mim, é o contrário: a escola é que deve dar continuidade ao trabalho que eu faço com o meu filho. Acho que se anda a sobrevalorizar o papel da escola. No meu tempo, a escola tinha apenas a função de ensinar e fazia-o com competência e rigor.
Mas nos dias que correm, em que os pais não têm tempo nem disposição para educar os filhos, exige-se à escola que forme o seu carácter e ocupe todo o seu tempo livre. Só que infelizmente ela tem cumprido muito mal esse papel. A escola do meu tempo foi uma boa escola. Hoje, toda a gente sabe que a minha geração é uma geração de empreendedores, de gente criativa e com capacidade iniciativa, que arrisca, que aposta, que ambiciona. E não é disso que o país precisa? Bem sei que apanhámos os bons ventos da adesão à União Europeia e dos fundos e apoios que daí advieram, mas isso por si só não bastaria, não acha?
E é de facto curioso: tirando o Marco cigano, que abandonou a escola muito cedo, e a Fatinha que andava sempre com ranhoca no nariz e tinha que tomar conta de três irmãos mais novos, todos os meus colegas da primária fizeram alguma coisa pela vida. Até a Paulinha, que era filha da empregada (no meu tempo dizia-se empregada e não auxiliar de acção educativa, mas, curiosamente, o respeito por elas era maior), apesar de se ter ficado pelo 9º ano, não descansou enquanto não abriu o seu próprio Pão Quente e a ele se dedicou com afinco e empenho. E, no entanto, levámos reguadas por não sabermos de cor as principais culturas das ex-colónias e éramos sujeitos a humilhação pública por cada erro ortográfico. Traumatizados? Huuummm... não me parece. Na verdade, senhor engenheiro, tenho um respeito e uma paixão pela escola tais que, se tivesse tempo e dinheiro, passaria o resto da minha vida a estudar. Às vezes dá-me para imaginar as suas conversas com os seus filhos (nem sei bem se tem um ou dois filhos...) e pergunto-me se também é válido para eles o caos que o senhor engenheiro anda a instalar por aí. Parece que estou a ver o seu filho a dizer-lhe: ó pai, estou com dificuldade em resolver este sistema de três equações a três incógnitas... dás-me uma ajuda? E depois, vejo-o a si a responder com a sua voz de homilia de domingo: não faz mal, filho... sabes escrever o teu nome completo, não sabes? Então não te preocupes, é perfeitamente suficiente... Vendo as coisas assim, não lhe parece criminoso o que você anda a fazer?
E depois, custa-me que você apareça em praça pública acompanhado da sua Ministra da Educação, que anda sempre com aquele ar de infeliz, de quem comeu e não gostou, ambos com o discurso hipócrita do mérito dos professores e do sucesso dos alunos, apoiados em estatísticas cuja real interpretação, à luz das mudanças que você operou, nos apresenta uma monstruosa obscenidade. Ofende-me, sabe? Ofende-me por me tomar por estúpida. Aliás, a sua Ministra da Educação é uma das figuras mais desconcertantes que eu já vi na minha vida. De cada vez que ela fala, tenho a sensação que está a orar na missa de sétimo dia do sistema de ensino e que o que os seus olhos verdadeiramente dizem aos pais deste Portugal é apenas 'os meus sentidos pêsames'. Não me pesa a consciência por estar a escrever-lhe esta carta.
Sabe, é que eu não votei em si para primeiro-ministro, portanto estou à vontade. Eu votei em branco. Mas, alto lá! Antes que você peça ao seu assessor para lhe fazer um discurso sobre o afastamento dos jovens da política, lembre-se, senhor engenheiro: o voto em branco não é o voto da indiferença, é o voto da insatisfação!
Mas, porque vos é conveniente, o voto em branco é contabilizado, indiscriminadamente, com o voto nulo, que é aquele em que os alienados desenham macaquinhos e escrevem obscenidades.
Você, senhor engenheiro, está a arriscar-se demasiado.
Portugal está prestes a marcar-lhe uma falta a vermelho no livro de ponto. Ah... espere lá... as faltas a vermelho acabaram... agora já não há castigos... Bem, não me vou estender mais, até porque já estou cansada de repetir 'senhor engenheiro para cá', 'senhor engenheiro para lá'.
É que o meu marido também é engenheiro e tenho receio de lhe ganhar cisma. Esta carta não chegará até si.
Vou partilhá-la apenas e só com os meus e-leitores (sim, sim, eu também tenho os meus eleitores) e talvez só por causa disso eu já consiga hoje dormir melhor. Quanto a si, tenho dúvidas. Para terminar, tenho um enorme prazer em dedicar-lhe, aqui, uma estrofe do episódio do Velho do Restelo. Para que não caia no esquecimento. Nem no seu, nem no nosso.
“A que novos desastres determinas
De levar estes Reinos e esta gente?
Que perigos, que mortes lhe destinas,
Debaixo dalgum nome proeminente?
Que promessas de reinos e de minas
De ouro, que lhe farás tão facilmente?
Que famas lhe prometerás?
Que histórias? Que triunfos?
Que palmas? Que vitórias? “

Atenciosamente e ao abrigo do artigo nº 37 da Constituição da República Portuguesa.
Uma mãe preocupada ---"

quarta-feira, dezembro 09, 2009

CASIMIRO DE BRITO

Do meu Amigo e Poeta Casimiro de Brito, passo a transcrever o seu poema,:

DO POEMA

O problema não é meter o mundo no poema;
alimentá-lo de luz, planetas, vegetação.
Nem tão-pouco enriquecê-lo, ornamentá-lo
com palavras delicadas, abertas ao amor e à morte,
ao sol, ao vício, aos corpos nus dos amantes —
o problema é torná-lo habitável, indispensável
a quem seja mais pobre, a quem esteja mais só
do que as palavras acompanhadas no poema.

Canto Adolescente, 1961

segunda-feira, dezembro 07, 2009

CIMEIRA DE COPEHNAGEN

Hoje, dia 7 de Dezembro de 2009, 56 jornais em 44 países dão o passo inédito de falar a uma só voz através de um editorial comum [sobre Copenhaga]. Fazemo-lo porque a Humanidade enfrenta uma terrível emergência.
---“ Se não nos juntarmos para tomar uma acção decisiva, as alterações climáticas irão devastar o nosso planeta, e juntamente com ele a nossa prosperidade e a nossa segurança. Desde há uma geração que os perigos têm vindo a tornar-se evidentes. Agora, os factos já começaram a falar por si próprios: 11 dos últimos 14 anos foram os mais quentes desde que existem registos, a camada de gelo árctico está a derreter-se, e os elevados preços do petróleo e dos alimentos no ano passado permitiram-nos ter uma antevisão de futuras catástrofes.
Nas publicações científicas, a questão já não é se a culpa é dos seres humanos, mas sim quão pouco tempo ainda nos sobra para conseguirmos limitar os danos.
Mas, mesmo assim, até agora a resposta a nível mundial tem sido frouxa e sem grande convicção.

As alterações climáticas estão a ocorrer desde há séculos, têm consequências que durarão para sempre, e as nossas perspectivas de as limitarmos serão determinadas nas próximas duas semanas. Exortamos os representantes dos 192 países reunidos em Copenhaga a não hesitarem, a não caírem em disputas, a não se acusarem mutuamente, mas sim a resgatarem uma oportunidade do maior fracasso político das últimas décadas. Não deverá ser uma luta entre os países ricos e os países pobres, ou entre o Oriente e o Ocidente. O clima afecta-nos a todos, e deve ser solucionado por todos.
A ciência é complexa mas os factos são claros. O mundo precisa de dar passos em direcção a limitar o aumento de temperatura a apenas dois graus centígrados, um objectivo que exigirá que as emissões de gases a nível global alcancem o seu máximo e comecem a diminuir durante os próximos cinco a dez anos. Um aumento superior, na casa dos três ou quatro graus centígrados – a subida mais pequena que podemos realisticamente esperar se ficarmos pela inacção –, secaria os continentes, transformando terra arável em desertos. Metade de todas as espécies animais extinguir-se-ia, muitos milhões de pessoas ficariam desalojadas, nações inteiras afundar-se-iam no mar. A polémica sobre os e-mails de investigadores britânicos, sugerindo que eles terão tentado suprimir dados incómodos, tem agitado o ambiente mas não causou mossa na pilha de provas em que estas previsões se baseiam.
Poucos acreditam que Copenhaga ainda consiga produzir um acordo completamente definido – progressos efectivos em direcção a um tal acordo apenas se poderiam iniciar com a chegada do Presidente Barack Obama à Casa Branca e a inversão de anos de obstrução por parte dos Estados Unidos. Mesmo hoje, o mundo vê-se à mercê da política interna norte-americana, pois o Presidente não se pode comprometer com as acções necessárias até o Congresso fazer o mesmo.

Mas os políticos presentes em Copenhaga podem, e devem, chegar a um acordo sobre os elementos essenciais de uma solução justa e eficaz e, ainda mais importante, um calendário claro para a transformar num tratado. O encontro das Nações Unidas sobre alterações climáticas do próximo mês de Junho em Bona (Alemanha) deverá ser a data-limite. Segundo um dos negociadores: “Podemos ir a prolongamento, mas não nos podemos dar ao luxo de uma repetição do jogo.”
No centro do acordo deverá constar um arranjo entre os países ricos e os países em desenvolvimento, determinando como serão divididos os encargos da luta contra as alterações climáticas – e como iremos partilhar um recurso novo e precioso: os milhões de milhões de toneladas de gases de carbono que podemos emitir antes que o mercúrio dos termómetros alcance níveis perigosos.
As nações ricas gostam de fazer notar a verdade aritmética de que não poderá haver solução até que gigantes em desenvolvimento como a China tomem medidas mais radicais do que têm feito até agora. Mas os países ricos são responsáveis pela maioria dos gases de carbono acumulados na atmosfera – três quartos de todo o dióxido de carbono emitido desde 1850. São eles que agora devem dar o exemplo, e cada país desenvolvido deve comprometer-se com cortes maiores, que dentro de uma década reduzirão as suas emissões para substancialmente menos que o seu nível de 1990.
Os países em desenvolvimento podem argumentar que não foram eles que criaram a maior parte do problema, e também que as regiões mais pobres do globo serão as mais duramente atingidas. Mas vão cada vez mais contribuir para o aquecimento, e por isso devem comprometer-se com as suas próprias medidas significativas e quantificáveis. Apesar de ambos não terem chegado tão longe quanto alguns esperavam, os recentes compromissos de objectivos de emissões de gases dos maiores poluidores do mundo – os Estados Unidos e a China – constituíram passos importantes na direcção certa.
A justiça social exige que os países industrializados ponham a mão mais fundo nos seus bolsos e garantam verbas para ajudar os países mais pobres a adaptarem-se às mudanças climáticas, e tecnologias limpas que lhes permitam crescer a nível económico sem com isso aumentarem as suas emissões. A arquitectura de um futuro tratado deve também ser definida – com um rigoroso acompanhamento multilateral, compensações justas pela protecção de florestas, e uma aceitável taxa de “emissões exportadas”, de modo que o peso possa ser partilhado mais equitativamente entre os que produzem produtos poluentes e os que os consomem. E a equidade requer também que a carga colocada sobre determinados países desenvolvidos tenha em conta a sua capacidade para a suportar: por exemplo, novos membros da União Europeia, muitas vezes mais pobres do que a “Velha Europa”, não devem sofrer mais do que os seus parceiros mais ricos.
A transformação será dispendiosa, mas muito menos do que a conta que se pagou para salvar o sistema financeiro internacional – e ainda muito mais barata do que as consequências de não fazer nada.
Muitos de nós, particularmente nos países desenvolvidos, teremos que alterar os nossos estilos de vida. A época dos voos de avião que custam menos do que a viagem de táxi para o aeroporto está a chegar ao fim. Teremos que comprar, comer e viajar de forma mais inteligente. Teremos que pagar mais pela nossa energia, e usar menos dessa mesma energia.
Mas a mudança para uma sociedade com reduzidas emissões de gases de carbono alberga a perspectiva de mais oportunidades do que sacrifícios. Alguns países já reconheceram que aceitar as transformações pode trazer crescimento, empregos e melhor qualidade de vida. Os fluxos de capitais contam a sua própria história: em 2008, pela primeira vez foi investido mais dinheiro em formas de energia renováveis do que para produzir electricidade de combustíveis fósseis.
Abandonar o nosso “vício de carbono” dentro de poucas décadas irá exigir um feito de engenharia e inovação que iguale qualquer outro da nossa História. Mas se a viagem de um homem à Lua ou a cisão do átomo nasceram do conflito e da competição, a “corrida do carbono” que se aproxima deverá ser norteada por um esforço de colaboração, de forma a alcançarmos a salvação colectiva.
Superar as mudanças climáticas exigirá o triunfo do optimismo sobre o pessimismo, da visão a longo prazo sobre as vistas curtas, daquilo a que Abraham Lincoln chamou “os melhores anjos da nossa natureza”.
SERÁ DESTA QUE A SITUAÇÃO SE RESOLVE? COMO A DECISÃO É GERADA ENTRE POLÍTICOS, PENSO QUE AINDA É CEDO.

terça-feira, dezembro 01, 2009

ISTO É SER BEM PORTUGUÊS....

Levar arroz de frango para a praia. Guardar as cuecas velhas para polir o carro. Lavar o carro na rua, ao domingo. Ter pelo menos duas camisas traficadas da Lacoste e uma da Tommy (de cor amarelo-canário e azul-cueca). Passar o domingo no shopping. Tirar a cera dos ouvidos com a chave do carro ou com a tampa da esferográfica. Ter bigode. Viajar pró cu de Judas e encontrar outro Tuga no restaurante. Receber visitas e ir logo mostrar a casa toda. Enfeitar as estantes da sala com os presentes do casamento. Exigir que lhe chamem 'Doutor'. Exigir que o tratem por Sr. Engenheiro. Axaxinar o Portuguex ao eskrever. Gastar 50 mil euros no Mercedes C220 cdi, mas não comprar o kit mãos-livres, porque 'é caro'. Já ter 'ido à bruxa'. Filhos baptizados e de catecismo na mão, mas nunca pôr os pés na igreja. Não ser racista, mas abrir uma excepção com os ciganos. Ir de carro para todo o lado, aconteça o que acontecer, e pelo menos, a 500 metros de casa. Conduzir sempre pela faixa da esquerda da auto-estrada (a da direita é para os camiões). Cometer 3 infracções ao código da estrada, por quilómetro percorrido!!! Ter três telemóveis. Gastar uma fortuna no telemóvel mas pensar duas vezes antes de ir ao dentista. Ir à bola, comprar o bilhete 'prá-geral' e saltar 'prá-central'. Viver em casa dos pais até aos 30 anos ou mais. Ser mal atendido num serviço, ficar lixado da vida, mas não reclamar por escrito 'porque não se quer aborrecer'. Falar mal do Governo eleito e esquecer-se que votou nele.
Somos únicos carago, somos os maiores. Viva Portugal, carago...

" FELIZ FOI O ALI BABÁ, QUE NUNCA VIVEU EM PORTUGAL. ASSIM, SÓ CONHECEU 40 LADRÕES!"