terça-feira, agosto 17, 2010
PARA QUE NINGUÉM ESQUEÇA!
Histórias de vida.
Histórias que a história tende a esquecer e se possível, nem nelas falar. Infelizmente hoje a futilidade, faz parte da nossa história. É pena. Dão-se medalhas a quem na maioria das vezes não merece e... pessoas comuns, só porque são comuns, ricas em histórias de vida, heróis num mundo fútil, são ignoradas ou no mínimo esquecidas. Precisamos de muitas JOSEFAS e sobretudo precisamos de reconhecer o mérito em desfavor da mediocridade.
Obrigado Josefa pelo teu exemplo.
Para refletirmos:
Josefa, 21 anos, a viver com a mãe. Estudante de Engenharia Biomédica, trabalhadora de supermercado em part-time e bombeira voluntária. Acumulava trabalhos e não cargos - e essa pode ser uma primeira explicação para a não conhecermos. Afinal, um jovem daqueles que frequentamos nas revistas de consultório, arranja forma de chamar os holofotes. Se é futebolista, pinta o cabelo de cores impossíveis; se é cantora, mostra o futebolista com quem namora; e se quer ser mesmo importante, é mandatário de juventude. Não entra é na cabeça de uma jovem dispersar-se em ninharias acumuladas: um curso no Porto, caixeirinha em Santa Maria da Feira e bombeira de Verão. Daí não a conhecermos, à Josefa. Chegava-lhe, talvez, que um colega mais experiente dissesse dela: "Ela era das poucas pessoas com que um gajo sabia que podia contar nas piores alturas." Enfim, 15 minutos de fama só se ocorresse um azar... Aconteceu: anteontem, Josefa morreu em Monte Mêda, Gondomar, cercada das chamas dos outros que foi apagar de graça. A morte de uma jovem é sempre uma coisa tão enorme para os seus que, evidentemente, nem trato aqui. Interessa-me, na Josefa, relevar o que ela nos disse: que há miúdos de 21 anos que são estudantes e trabalhadores e bombeiros, sem nós sabermos. Como é possível, nos dias comuns e não de tragédia, não ouvirmos falar das Josefas que são o sal da nossa terra?
Por FERREIRA FERNANDES, Diário de Notícias
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