O tango do elefante
Fernando Sobral, in http://raivaescondida.wordpress.com
O Estado português parece um elefante a exercitar-se na nobre arte do tango. Quando agarra o seu par, pisa-a. Depois esmaga-a. E, como passo final, esborracha-a. Esta falta de jeito para dançar não é de hoje: há muitos séculos que o Estado português sufoca a sociedade civil e a existência de grupos económicos que vivam longe da sua bananeira. Foi assim no tempo dos Descobrimentos, na época em que os monopólios eram outorgados aos amigos, é assim agora. Saltitando como um elefante que quer fazer de Rudolf Nureyev, o Estado tem actuado de forma elegante na PT e na Cimpor. Mostra o desprezo que tem pela sociedade civil e o receio que algo escape ao seu controle. Na Cimpor, a CGD (braço armado do Estado) conseguiu substituir uma bagunça nacional por uma confusão brasileira. Na PT, o Governo, impondo gestores amigalhaços, conseguiu criar uma tourada nacional, embora ainda não se saiba se é à antiga portuguesa ou a se a pega é de cernelha. O Estado português precisa daquilo que Hamlet disse de Polonius: “Deixem que as portas se fechem atrás dele, para que não possa fazer de louco em lado algum para lá da sua própria casa”. Este Governo é uma Popotinha louca. Aquilo que o actual Governo está a fazer com o Estado mostra que o socialismo de Sócrates já nem está na gaveta: perdeu–se num “blog” qualquer da sua central de propaganda. Nenhum Governo conservador ou liberal denegriria tanto o Estado como aquilo que este que se diz “socialista” faria. Com Sócrates, o Estado tornou-se um elefante que destrói todas as lojas de porcelana da sociedade civil.
sexta-feira, fevereiro 19, 2010
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